Minha alma é como um aspero instrumento
Aspero som vibrando discordante,
E nem o choro banhe-lhe o tormento
Pela aridez deste deserto errante.
Eu vou me consumindo lento e lento
Por esse mundo, tremulo, ignorante,
Como uma folha que se agita ao vento
Voando em torno de um abismo hiante.
E vejo-te , ò meu sonho radioso
Vejo-te e sinto dentro, em cada fibra,
De primavera um hálito odoroso
E roseo sonho me deleita e morde
Ouvindo o amor, que como um arco vibra
Fundo em meu peito voluptuoso acorde.