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17 days agoAria s1
[Coro 1]
Eu sempre disse que tinha controle.
Aquela frase que todo viciado repete pra se enganar.
“Eu paro quando quiser.”
Mas eu nunca quis de verdade… até perder quase tudo.
A bebida entrou na minha vida devagar, como quem pede licença.
Quando percebi, já não pedia mais — mandava.
[Coro 2]
Meus amigos começaram a se afastar primeiro.
Depois minha família.
E por fim, eu mesmo me abandonei.
Eu acordava sem saber onde estive,
E dormia torcendo pra não lembrar do dia seguinte.
É assim que a gente se perde:
Um gole por vez.
[Coro 3]
E foi numa madrugada fria,
Sentado na calçada com a garrafa vazia,
Que eu percebi que não era o mundo que estava contra mim.
Era eu que tinha virado meu próprio inimigo.
[Coro 4]
A última pessoa que ainda tentava me ajudar
Era minha irmã.
Ela apareceu com um cobertor e aqueles olhos cansados,
Sem julgamento, mas cheios de dor.
E ela disse:
“Eu não posso te salvar, mas posso ficar aqui
Enquanto você decide se quer voltar pra vida.”
[Coro 5]
E naquele instante,
Eu senti mais vergonha do que medo.
Porque eu tinha me deixado chegar a um ponto
Em que até o amor dos outros parecia pesado demais pra carregar.
[Coro 6]
Demorei meses, tropecei várias vezes,
Mas um dia eu consegui olhar no espelho
E ver alguém que ainda valia a pena resgatar.
Hoje eu estou sóbrio.
Ainda frágil, mas firme.
Descobri que pedir ajuda não é fraqueza —
Fraqueza é fingir que não precisa.
[Coro 7]
Agora, cada amanhecer é um lembrete:
Não venci a bebida.
Venci o silêncio que me impedia de pedir socorro.
E essa foi a primeira vez
Que eu realmente escolhi viver.