O Homem de 10 Mil Anos

Por favor, permita que me apresente de fato, Sou um homem fino e de bom trato. Nasci há dez mil anos, meu rapaz, E não tem nada que não saiba demais. Eu vi Eva conhecer e provar a maçã do pecado, E Adão jurar não ter comido nem um bocado. Vi Caim ferir mortalmente o irmão, E Noé dançar completamente peladão. Vi Moisés abrir o mar vermelho, E o faraó amaldiçoar Deus de joelho. Vi soldados romanos apostarem nos dados As vestes do Cristo já crucificado. Vi Jesus calado receber o beijo do amigo, E Pedro o negar três vezes pra fugir do perigo. Prazer em conhecê-lo, meu bom homem. Aposto que não adivinha meu nome. Mas tente, se ainda for capaz, Pois eu nasci dez mil anos atrás. E não tem nada que não saiba demais. Eu conheço bem o jogo de Satanás. Iludi Colombo sobre o real tamanho da Terra, E deixei Napoleão na posição que perdeu a guerra. Criei baralhos, previ apostas, E ilustrei todas as cartas mortas. Inventei o bicho com 25 animais, E nos sonhos, passei os meus sinais. Vi Lampião, a toque de bala, dançar o forró E perder até Maria num bordado só. Vi Dom Pedro arriar do cavalo e correr pra moita, Sem saber que a população já tava afoita. Nasci há dez mil anos, meu rapaz, E se quiser saber... ainda sei mais.