Havia um lugar no meio do nada, Com rede na sombra, varanda comprada. O tempo ali andava mais lento, Com cheiro de mato, silêncio e vento. O lago brilhava no sol da manhã, Cercado de flores, de vida e de lã. As montanhas ao fundo, feito sentinela, Guardavam segredos da infância tão bela. Vaca pastando no campo macio, Galo cantando no ar tão frio. Cavalo corria solto na estrada, E a alma da gente vivia encantada. Pão na mesa, café no fogão, Histórias contadas no tom do violão. O som do riacho, a paz do lugar, Faziam meu peito inteiro cantar. E hoje, distante, me pego a pensar, Se tudo que fui ficou por lá. Pois levo comigo, em cada lembrança, A calma do campo, a doce esperança. Se a vida é estrada, o amor é raiz, Fui simples ali, e ali fui feliz. E o nome que guardo no fundo da alma, Me volta no peito, trazendo calma: Aquela morada, de céu e de lazer, Era a Fazenda Araucária, com tudo a fazer.