Céu Contra Inferno

Keila
9 hours agoAria v1
[Intro] (Som de trovão e coros celestiais, seguido por uma batida pesada e sinistra) Dois poderes antigos... Luz e Trevas. Palco armado. Microfones abertos. Quem domina o b**t? [Verse 1] (Deus) Eu sou o Alfa, o Ômega, o Princípio e o Fim O sopro na argila, o arquiteto do jardim Criei o firmamento, as estrelas a brilhar O amor incondicional, sempre pronto a perdoar Tu, Lúcifer, foste luz, mas a ambição te cegou Quiseste o meu trono, o orgulho te derrubou Caíste do céu, raio rasgando a escuridão Traduziste liberdade como pura rebelião Ofereces ilusão, prazer que logo se esvai Enquanto Eu ofereço vida, um caminho pra paz Minha voz é o vento, o mar, o rio a correr A verdade eterna que não pode perecer [Verse 2] (Diabo) Ah, "Santo Pai"? Hipócrita discurso moralista! Prendes com regras, culpa, uma corrente turista! Eu dou o gosto real, o fruto proibido, a emoção Liberdade sem julgamento, puro calor, pura paixão! Tu criaste o mal? Ou fui eu o teu braço forte? Quem testou Abraão? Quem afogou o mundo? A sorte Não existe! É caos! E eu domino o jogo aqui Dou fama, poder, o ouro que cega até a ti! Tua igreja? Cheia de mim, de avareza e falsidade Enquanto nos becos, eu sou pura verdade! Na cidade Do pecado, brilho e glória, ninguém se ajoelha a chorar Vive! Erra! Cai! Levanta! Sem ter que se confessar! [Verse 3] (Deus) Verdade? Tu és o pai da mentira, o distorcer Transformas ouro em lama, amor em puro prazer Vazio. Prometes estrelas, mas entregas só poeira E no fim, só resta a dor, a solidão, a besteira Que plantaste no coração. Eu vi Caim, vi Judas Vi almas que tu sugaste, virando sombras mudas Mas meu braço não é curto, meu amor não tem fim Na cruz, paguei o preço, venci a morte por mim E por eles. A chave da vida, da morte, eu detenho Teu reino é passageiro, teu poder é só lenho Que queima rápido. Arrependimento é a ponte Minha graça é o refúgio, além deste horizonte. [Verse 4] (Diabo) Graça? Tapa na pantera! Fraqueza disfarçada! O forte domina, o esperto vence, essa é a jogada! Olha o mundo aí! Guerra, fome, ódio a crescer Onde tá teu reino? Só vejo gente a sofrer! Eles me escolhem! Todo dia! Na inveja, no roubo No vício que consome, no orgulho que é tão rouco! Eu sou o príncipe aqui, a voz que ecoa no peito Quando a noite cai, e o desejo é o teu jeito De fugir da realidade, do fardo que tu impões! Eu liberto! Eu entendo as suas más intenções! Tu condenas! Eu aceito! Com festa e champanhe! Vem pro lado escuro, a festa nunca se acabe! [Verse 5] (Deus) Festa que termina em cinzas, em vazio, em solidão Tu vendes sonho barato, mas cobras a perdição Sim, há dor, há mal no mundo, fruto da escolha errada Da semente que plantaste, da estrada desviada Mas minha luz persiste, mesmo na noite mais escura Chamo pelo nome, ofereço nova criatura O inferno que construíste não foi pra humanidade Foi tua cela, tua prisão, tua eterna saudade Do lar que perdeste. Ainda bato à porta Ainda espero. Minha vitória já está reporta Nas páginas da eternidade. Teu rugido é derrota O amor venceu. A história já está escrita e nota O fim. Teu poder é empréstimo, uma permissão Pra provar que só em Mim há verdadeira redenção. [Outro] (A batida diminui, misturando um último trovão com um acorde celestial que se dissolve no silêncio. O eco da última palavra "redenção" permanece.)