[Intro]
(Som de trovão e coros celestiais, seguido por uma batida pesada e sinistra)
Dois poderes antigos... Luz e Trevas. Palco armado. Microfones abertos. Quem domina o b**t?
[Verse 1] (Deus)
Eu sou o Alfa, o Ômega, o PrincÃpio e o Fim
O sopro na argila, o arquiteto do jardim
Criei o firmamento, as estrelas a brilhar
O amor incondicional, sempre pronto a perdoar
Tu, Lúcifer, foste luz, mas a ambição te cegou
Quiseste o meu trono, o orgulho te derrubou
CaÃste do céu, raio rasgando a escuridão
Traduziste liberdade como pura rebelião
Ofereces ilusão, prazer que logo se esvai
Enquanto Eu ofereço vida, um caminho pra paz
Minha voz é o vento, o mar, o rio a correr
A verdade eterna que não pode perecer
[Verse 2] (Diabo)
Ah, "Santo Pai"? Hipócrita discurso moralista!
Prendes com regras, culpa, uma corrente turista!
Eu dou o gosto real, o fruto proibido, a emoção
Liberdade sem julgamento, puro calor, pura paixão!
Tu criaste o mal? Ou fui eu o teu braço forte?
Quem testou Abraão? Quem afogou o mundo? A sorte
Não existe! É caos! E eu domino o jogo aqui
Dou fama, poder, o ouro que cega até a ti!
Tua igreja? Cheia de mim, de avareza e falsidade
Enquanto nos becos, eu sou pura verdade! Na cidade
Do pecado, brilho e glória, ninguém se ajoelha a chorar
Vive! Erra! Cai! Levanta! Sem ter que se confessar!
[Verse 3] (Deus)
Verdade? Tu és o pai da mentira, o distorcer
Transformas ouro em lama, amor em puro prazer
Vazio. Prometes estrelas, mas entregas só poeira
E no fim, só resta a dor, a solidão, a besteira
Que plantaste no coração. Eu vi Caim, vi Judas
Vi almas que tu sugaste, virando sombras mudas
Mas meu braço não é curto, meu amor não tem fim
Na cruz, paguei o preço, venci a morte por mim
E por eles. A chave da vida, da morte, eu detenho
Teu reino é passageiro, teu poder é só lenho
Que queima rápido. Arrependimento é a ponte
Minha graça é o refúgio, além deste horizonte.
[Verse 4] (Diabo)
Graça? Tapa na pantera! Fraqueza disfarçada!
O forte domina, o esperto vence, essa é a jogada!
Olha o mundo aÃ! Guerra, fome, ódio a crescer
Onde tá teu reino? Só vejo gente a sofrer!
Eles me escolhem! Todo dia! Na inveja, no roubo
No vÃcio que consome, no orgulho que é tão rouco!
Eu sou o prÃncipe aqui, a voz que ecoa no peito
Quando a noite cai, e o desejo é o teu jeito
De fugir da realidade, do fardo que tu impões!
Eu liberto! Eu entendo as suas más intenções!
Tu condenas! Eu aceito! Com festa e champanhe!
Vem pro lado escuro, a festa nunca se acabe!
[Verse 5] (Deus)
Festa que termina em cinzas, em vazio, em solidão
Tu vendes sonho barato, mas cobras a perdição
Sim, há dor, há mal no mundo, fruto da escolha errada
Da semente que plantaste, da estrada desviada
Mas minha luz persiste, mesmo na noite mais escura
Chamo pelo nome, ofereço nova criatura
O inferno que construÃste não foi pra humanidade
Foi tua cela, tua prisão, tua eterna saudade
Do lar que perdeste. Ainda bato à porta
Ainda espero. Minha vitória já está reporta
Nas páginas da eternidade. Teu rugido é derrota
O amor venceu. A história já está escrita e nota
O fim. Teu poder é empréstimo, uma permissão
Pra provar que só em Mim há verdadeira redenção.
[Outro]
(A batida diminui, misturando um último trovão com um acorde celestial que se dissolve no silêncio. O eco da última palavra "redenção" permanece.)