Acorda, rapaz! Tem gente do Centro Anônimo lá fora, rapaz! Endireita o colarinho e o teu ar sagaz, rapaz, (que é daquela fala… lembras qual, rapaz?) E por favor, não dês mais tanto a tua voz, Evita a ira, fala após, Mente, rapaz... Fazes favor, diz que foi só um mal sentido, Fazes favor, mostra que estás arrependido. Fazes favor, aceita a culpa que inventaram, Fazes favor, esquece os que te caluniaram. Fazes favor, repete o texto que mandaram, Diz que eles sempre te ampararam... Acorda, rapaz! Estão dois colegas pra ti lá fora, rapaz! Disfarça o medo e a tua paz, rapaz, (que eles são da ala cultural, rapaz!) E por favor, deixa-os falar, finge atenção, Não mostres dor, segura o chão, Mente, rapaz... Fazes favor, não te defendas, fica quieto, Fazes favor, engole o que é correto. Fazes favor, não tragas mais recordação, Olha o que fizeram com o rapaz! Fazes favor, diz que tudo foi bondoso, Que o ambiente é virtuoso... Acorda, rapaz! Estão três do Centro Anônimo lá fora, rapaz! Levanta-te e põe-te direito, rapaz, (acho que querem tua retratação...) E por favor, não digas que foste ferido, Que o teu nome foi esquecido, Mente, rapaz... Fazes favor, assina já essa advertência, Fazes favor, apaga a tua consciência. Fazes favor, aceita a dor sem reação, E diz que aprendes-te com a lição. Fazes favor, repete o discurso deles, Tu tens de ser igual a eles! Acorda, rapaz! Estão aqui quatro vozes pra ti, rapaz! Não disseram de onde vêm, rapaz, (mas querem tua confissão...) Paz à tua alma. E apesar de ires calado, convém que sejas educado. Mente, rapaz... mente.