Dois horizontes fecham nossas vidas !
a saudade.
Do que não há de voltar;
A esperança.
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro, —
Vive a alma ambiciosa.
Na ilusão sensual.
Do passado e do futuro.
Os doces brincos da infância.
Sob as asas maternais,
O voo das andorinhas,
A onda viva e os rosais;
O gozo do amor, sonhado.
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente.
O horizonte do passado.
Ou ambição de grandeza.
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero.
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro.
À alma convalescente,
Tal é na hora presente.
O horizonte do futuro.
No breve correr dos dias.
Sob o azul do céu, tais são.
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.
Que cismas, homem? – Perdido
No mar das recordações,
Escuto um eco sentido.
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem? – Procuro,
Através da imensidão,
Ler a doce realidade.
Das ilusões do futuro.