Quando tu choras, meu amor, teu rosto.
Brilha formoso com mais doce encanto,
E as leves sombras de infantil desgosto.
Tornam mais belo o cristalino pranto.
Oh! nessa idade da paixão lasciva.
Como o prazer, é o chorar preciso:
Mas breve passa – qual a chuva estiva –
E quase ao pranto se mistura o riso.
É doce o pranto de gentil donzela,
É sempre belo quando a virgem chora: – Semelha a rosa virtuosa e bela.
Toda banhada do orvalhar da aurora.
Da noite o pranto, que tão pouco dura,
Brilha nas folhas como um rir celeste,
E a mesma gota transparente e pura.
Treme na relva que a campina veste.
Depois o sol, como sultão brilhante,
De luz inunda o seu gentil serralho,
E às flores todas – tão feliz amante –
Cioso sorve o matutino orvalho.
Assim, se choras, inda és mais formosa,
Brilha teu rosto com mais doce encanto: – Serei o sol e tu serás a rosa...
Chora, meu anjo, – beberei teu pranto!