Quando tu choras. - Casimiro de Abreu

9/6/2025Aria s1
Quando tu choras, meu amor, teu rosto. Brilha formoso com mais doce encanto, E as leves sombras de infantil desgosto. Tornam mais belo o cristalino pranto. Oh! nessa idade da paixão lasciva. Como o prazer, é o chorar preciso: Mas breve passa – qual a chuva estiva – E quase ao pranto se mistura o riso. É doce o pranto de gentil donzela, É sempre belo quando a virgem chora: – Semelha a rosa virtuosa e bela. Toda banhada do orvalhar da aurora. Da noite o pranto, que tão pouco dura, Brilha nas folhas como um rir celeste, E a mesma gota transparente e pura. Treme na relva que a campina veste. Depois o sol, como sultão brilhante, De luz inunda o seu gentil serralho, E às flores todas – tão feliz amante – Cioso sorve o matutino orvalho. Assim, se choras, inda és mais formosa, Brilha teu rosto com mais doce encanto: – Serei o sol e tu serás a rosa... Chora, meu anjo, – beberei teu pranto!