Que sonhas, virgem, nos sonhos.
Que à mente te vem risonhos.
Na primavera inda em flor?
No celeste devaneio,
No doce bater do seio,
Que sonhas virgem? – amor?
Que céus, que jardins, que flores,
Que longos cantos de amores
Nos lindos sonhos te vem?
E quando a mente delira,
E quando o peito suspira,
Suspira o peito – por quem?
Sonhando mesmo acordada,
Pendida a fronte adorada.
Num cismar vago e sem fim;
Do olhar o fogo tão vivo,
A voz, o riso lascivo,
O pensamento é – por mim?!
Quando tu dormes tranquila,
Cerrada a negra pupila.
E o lábio doce a sorrir;
Então o sonho dourado.
Nas dobras do cortinado.
Vem esmaltar teu dormir!
Oh! sonha! – Feliz a idade.
Das rosas da virgindade,
Dos sonhos do coração! –
Puro jardim de açucenas.
Ou lago d’águas serenas.
Que estremece à viração!
Feliz! Feliz quem pudera.
Colher-te na primavera.
De galas rica e chique!
Feliz oh! flor dos amores,
Quem te beber os odores.
Nos orvalhos da manhã!