Perfumes e amor - Casimiro de Abreu

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A flor mimosa que abrilhanta o prado Ao sol nascente vai pedir fulgor; E o sol, abrindo da açucena as folhas, DĂĄ-lhe perfumes – e nĂŁo nega amor. Eu que nĂŁo tenho, como o sol, seus raios, Embora sinta nesta fronte ardor, Sempre quisera ao encetar teu ĂĄlbum Dar-lhe perfumes – desejar-lhe amor. Meu Deus! nas folhas deste livro puro NĂŁo manche o pranto da inocĂȘncia o alvor, Mas cada canto que cair dos lĂĄbios Traga perfumes – e murmure amor. Aqui se junte, qual num ramo santo, Do nardo o aroma e da camĂ©lia a cor, E possa a virgem, percorrendo as folhas, Sorver perfumes – respirar amor. Encontre a bela, caprichosa sempre, Nos ternos hinos d’infantil frescor Entrelaçados na grinalda amiga Doces perfumes – e celeste amor. Talvez que diga, recordando tarde O doce anelo do feliz cantor: – “Meu Deus! nas folhas do meu livro d’alma Sobram perfumes – e nĂŁo falta amor!”